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terça-feira, 12 de julho de 2011

TI na gestão tributária gera desafios e grandes oportunidades

*por Viviam Posterli

O investimento em tecnologias para tornar o trabalho mais eficiente já é uma prática comum nas empresas. Assim como os empresários, o governo se deu conta de que era inevitável a incorporação dessas soluções para melhorar a gestão. Com a arrecadação de tributos e a fiscalização, não será diferente.

Nos últimos anos, o governo brasileiro passou a exigir das empresas o envio de informações tributárias por meio digital. Isso causou uma verdadeira corrida, principalmente, à medida que os prazos vão chegando ao limite.

No final de 2010, a Nota Fiscal Eletrônica de Serviços – NFS-e, passou a ser obrigatória para as empresas que prestam serviço para órgãos da administração pública direta ou indireta. Em 1º de janeiro, novas obrigações fiscais começaram a valer: a adequação ao Sistema Público de Escrituração Digital (SPED Fiscal), inclusão do Livro CIAP (Controle de Créditos do ICMS do Ativo Permanente) na Escrituração Fiscal Digital. A partir de 1º de abril, o software da Nota Fiscal Eletrônica Federal (NF-e) ganhou nova versão.

Esses são alguns exemplos que mostram que esse caminho não tem mais volta e que é pior deixar para depois. Pelo contrário, mostrar-se disposto, antecipando essa iniciativa, é visto com bons olhos pela Receita. Isso demonstra que a empresa quer ficar em dia e que não tem nada a esconder.

É preciso também que as empresas saibam que as adequações exigirão cuidados. Qualquer inconsistência nas informações será flagrada com maior rapidez. Isso quer dizer que não basta ter o software correto, é preciso ter pessoas capacitadas para lidar com a transmissão dessas informações.

O desafio para colocar em prática essas novas obrigações não é apenas das empresas e das software-houses. O governo também enfrenta dificuldades. Prova disso é a Escrituração Fiscal Digital (EFD) do PIS/COFINS, que tem mais de 200 registros e 2.000 campos. Milhares de empresas que estão sujeitas a acompanhamento econômico-tributário diferenciado e tributadas com base no Lucro Real precisariam se adequar até 1º de abril e entregar a ERF do PIS/COFINS dos fatos geradores até o quinto dia útil de junho. Mas, tendo em vista a complexidade dessa obrigação, o governo estendeu o prazo para o quinto dia útil do mês de fevereiro de 2012. As demais pessoas jurídicas vão entregar a partir do ano que vem.

Para as empresas que fornecem os ERPs – Enterprise Resource Planning (ou SIGE – Sistemas Integrados de Gestão Empresarial, em Português), a dificuldade é também correr contra o tempo. As soluções precisam estar prontas antes para que as empresas atendam as mudanças. Isso gera muitos desafios: conhecimento tributário atualizado, equipe de TI preparada para desenvolver soluções que entenda as exigências e, um dos maiores desafios, o tempo.

No Brasil, as mudanças tributárias acontecem a cada duas horas, o que obriga as fornecedoras de ERP a fazerem atualizações nos softwares com freqüência. Para isso, é preciso ter uma equipe competente no desenvolvimento de soluções e que entenda a área tributária. Como sabemos, a área de TI tem uma enorme carência de profissionais. Soma-se a isso o tempo curto. Essa é uma dificuldade que se torna maior quando as empresas procuram se adequar ao prazo.

Embora esse cenário seja desafiador para nós que oferecemos essas soluções de gestão na área tributária, precisamos entender esse momento como uma grande oportunidade.

A tendência de modernização dos processos, aliada às obrigações fiscais, contribuíram para que a SKILLConsulting, software-house do Grupo Skill, tenha registrado crescimentos de 49% em 2009 e de 77% em 2010. Para 2011, a previsão de crescimento é de 45%.

O estudo do IT Mídia, feito com as 500 maiores empresas que atuam no Brasil e divulgado em abril deste ano, revela que as companhias estão projetando crescimento de 10% nos investimentos na área de Tecnologia da Informação. Entre as áreas escolhidas, os sistemas de gestão empresarial aparecem entre as cinco primeiras. É importante nos perguntarmos se isso é gerado apenas pelas obrigações fiscais. Com certeza, essa não é a única razão.

As grandes empresas buscam modernizar a gestão, aliando agilidade e garantindo o cumprimento das obrigações. Isso não significa que as pequenas empresas não possam pensar a gestão de forma integrada também. Empresas de porte menor devem sim colocar em prática os bons exemplos das grandes, ganhando vantagem frente à concorrência.

Essa é, sem dúvida, a maneira mais inteligente de usar uma obrigação – que ninguém gosta, já que é uma coisa imposta – e ganhar eficiência. Muitos empresários já perceberam as vantagens em ter as gestões financeira e fiscal integradas, e isso é uma importante mudança cultural.

Como já foi dito anteriormente, as mudanças não têm mais volta. Sendo assim, que elas ajudem as empresas a serem mais competentes e que evitem a sonegação, para que aqueles que pagam corretamente seus tributos não tenham que carregar sozinhos o peso dos impostos.

*Viviam Posterli - Formada em Administração de Empresas, pós-graduada em Gestão Empresarial, com MBA em Gestão e Desenvolvimento de Pessoa. É sócia-diretora do Grupo Skill, empresa especializada em consultoria e soluções em TI para a área contábil e tributária. 

Fonte: http://www.administradores.com.br/informe-se/administracao-e-negocios/ti-na-gestao-tributaria-gera-desafios-e-grandes-oportunidades/46215/

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