Apresentado
há dez anos como substituto do código de barras, o sistema de
identificação por rádio frequência (RFID, na sigla em inglês) está se
tornando uma realidade cada vez mais palpável.
Imagine
uma pequena etiqueta, com um material metálico em sua composição que
permite gravar dados que podem ser, depois, lidos por equipamentos que
captam, por ondas de rádio, as informações. Estas são as etiquetas RFID,
que identificam o produto de forma única - tornando-se praticamente a
cédula de identidade dos mesmos - e permitem uma leitura sem necessidade
de proximidade do equipamento leitor para a captação dos dados, o que
as colocam em extrema vantagem em relação ao código de barras.
Quando
esta tecnologia foi apresentada, na década de 90, costumava-se alardear
que, um dia, os consumidores encheriam seus carrinhos nos supermercados
e precisariam apenas se aproximar do caixa para fazer a leitura de
todos os produtos comprados, somando todos os valores e gerando a nota
fiscal em único segundo, graças à tecnologia RFID, que permitiria
colocar etiquetas eletrônicas em todos os itens do varejo. Era a morte
do código de barras.
Mas
o que se vê hoje é justamente o domínio das barras e praticamente zero
RFID nas prateleiras dos supermercados. “RFID não vingou por uma série
de fatores. No varejo, para vários itens, ainda é algo que sai caro. Uma
etiqueta pode custar, sei lá, 25 centavos de dólar. Para um produto
como refrigerante, por exempo, pode ser quase metade do valor final. Até
se pagar, o código de barras demorou uns 6, 7 anos. No caso do RFID
falta mais gente acreditar na tecnologia para baratear os custos”,
explica Roberto Matsubayashi, gerente de inovação GS1. “E ainda tem
aquela discussão: quem deve colocar a etiqueta? O fabricante ou o
varejista? É o velho dilema do que veio primeiro, o ovo ou a galinha”,
conclui o gerente do conselho que cuida da padronização do sistema no
País.
O
custo da tecnologia RFID em relação aos sistemas de código de barras é
um dos principais obstáculos para o aumento de sua aplicação comercial.
Atualmente, uma etiqueta inteligente custa cerca de 25 centavos de
dólar, na compra de um milhão de chips. No Brasil, segundo a Associação
Brasileira de Automação, esse custo sobe para 80 centavos.
Logística
Com
o preço inicial elevado, o RFID acabou se tornando uma boa opção longe
das prateleiras de supermercados, mais perto do chão de fábrica. “Hoje
se eu pudesse aconselhar um setor a usar e tirar proveito do RFID, seria
o de logística. A etiqueta pode ser colocada em paletes, contêineres,
caixas de múltiplas embalagens...Para rastreabilidade é ótimo. A maior
vantagem é não ter que parar o processo para ficar procurar um código de
barra. O custo também é um só, não precisa imprimir várias etiquetas.
Uma tag RFID colocada no palete está resolvido - e ainda pode
reaproveitar para gravar outros dados”, diz Cássio Pedrão,
vice-presidente da Associação Brasileira de Automação Comercial.
“O
importante é não migrar só pela novidade. Posso dizer que hoje estamos
muito mais perto de um caso prático, para o consumidor, no Brasil, do
que há 5 anos”, conclui.
Governo apoia padronização
Através
de um acordo de cooperação técnica firmado em 31 de agosto de 2009
entre o Ministério da Ciência e Tecnologia, a Receita Federal e os
Estados da União - por intermédio de suas Secretarias de Fazenda -
formalizou-se o início do Sistema de Identificação, Rastreamento e
Autenticação de Mercadorias, nominado como “Brasil-ID”, que se baseia no
emprego da tecnologia de Identificação por Radiofreqüência (RFID), e
outras acessórias integradas para realizar, dentro de um padrão único, a
Identificação, Rastreamento e Autenticação de mercadorias em produção e
circulação pelo País - no contexto de extensão da Nota Fiscal
Eletrônica. O projeto é coordenado pelo Centro de Pesquisas Avançadas
Wernher von Braun em conjunto com o Encontro Nacional dos
Administradores Tributários (Encat).
A
previsão é de que um projeto piloto comece a ser implantado até o final
do ano. “O governo liberou uma verba de R$ 20 milhões para a colocar em
operação um piloto para testar a tecnologia em todo Brasil”, conta
Dario Sassi Thober, diretor do Centro de Pesquisas Von Braun. Ele
explica que o projeto piloto será implantado em 16 cidades e deve durar
cerca de dois anos. Este é o tempo em que a tecnologia adotada e a forma
de monitoramento dos produtos serão testados. “Iremos verificar se os
chips, lacres, antenas e o monitoramento adotados funcionam de maneira
adequada”, conta.
O
piloto envolverá 80 empresas de variados setores, como combustível e
cigarros, e exigirá a implantação de 604 antenas de recepção de sinais
de radiofrequência nos corredores por onde as mercadorias serão
transportadas. Para que o sistema opere efetivamente em todo o Brasil,
pelo menos 5 mil antenas precisam ser implantadas. “O sistema será
implantado aos poucos, como foi a Nota Fiscal Eletrônica”, conta o
diretor do Von Braun.
Fonte: Jornal Acrítica via http://acritica.uol.com.br/manaus/Manaus-Amazonas-Amazonia-Etiquetas-radio-frequencia_0_581342129.html
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