Por Valquiria Coelho*
O bom momento da economia brasileira, as constantes mudanças na
legislação fiscal e tributária do País e a globalização dos mercados vêm
causando um apagão de mão de obra nas áreas de finanças, contábeis e de
tecnologia especializada. Além disso, empresas contábeis e software
houses do segmento ainda enfrentam a falta de qualificação dos
profissionais para atender as necessidades do mercado.
A escassez de profissionais qualificados, que vem preocupando vários
setores no Brasil, chegou à área contábil e fiscal. A procura por mão de
obra especializada é resultado direto do aquecimento da economia
brasileira, e das necessidades de mais especialização em virtude do
detalhamento das obrigações digitais, Notas Ficais Eletrônicas, Sistema
Público de Escrituração Digital (SPED) etc.
Atrair essa mão de obra tem custado muito caro para as empresas, e a
área fiscal das empresas contábeis também está passando por profundas
mudanças. O papel de conferentes ou digitadores, que exigia pouca ou
quase nenhuma especialização, passou a demandar mais conhecimento
tributário e contábil.
No mês de maio do ano passado, o Conselho Federal de Contabilidade publicou o resultado da primeira edição de 2011 do Exame de Suficiência
para bacharéis e técnicos de contabilidade. O exame, que continha
questões de contabilidade geral, custos, gerencial, setor público e
controladoria, além de outras áreas correlacionadas, não foi considerado
difícil por especialistas.
Apesar disso, o índice de aprovação foi de apenas 30,83% para
bacharel em ciências contábeis e 24,93% para técnico em contabilidade,
considerado insatisfatório para as necessidades de mercado, porém
realista para o nível em geral do ensino das escolas e faculdades de
contabilidade (na última edição do Exame de Suficiência
anterior à sua reaplicação, realizado em 2004, o índice de aprovação
foi de 72,47% para bacharel em ciências contábeis. Ainda houve casos de
Estados que tiveram índice de 100% de reprovação para técnicos de
contabilidade).
Os números revelam a baixa qualidade da formação dos estudantes de
contabilidade, realidade que não deveria surpreender recrutadores de RH e
empresários contábeis, acostumados com a dificuldade de contratar
profissionais habilitados. O mercado atual tem uma demanda por
profissionais com habilidades e formação além do que as instituições têm
proporcionado, podendo culminar num apagão de mão de obra qualificada
para o mercado contábil em pouco tempo.
O tema é tão importante que em iniciativa inédita do SESCON-SP,
empresários contábeis da região de Bauru se mobilizaram para discutir
especificamente o tema: “Falta de mão de obra qualificada e as
alternativas para diminuir esse impacto”.
Para reverter este quadro são necessárias diversas medidas: mais investimentos em projetos de educação a distância (EaD); maior fiscalização
do Ministério da Educação em relação ao ensino das Ciências Contábeis;
as faculdades necessitam urgentemente rever seus métodos de ensino e
corpos docentes; e as empresas, por sua vez, precisam treinar e reciclar
milhares de profissionais de suas equipes e clientes, a fim de
multiplicar rapidamente o conhecimento, sempre aliando teoria à prática.
*Valquiria Coelho é diretora da Universidade Prosoft
Fonte: http://www.administradores.com.br/ via http://www.robertodiasduarte.com.br/apagao-da-mao-de-obra-no-mercado-contabil/
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