As abertas pagam 8,5% ao ano; as fechadas de grande porte, 12,5%; e as outras, 21,2%, segundo estudo
Ana Paula Ribeiro
aribeiro@brasileconomico.com.br
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Em
qualquer mercado, empresas de grande porte e de capital aberto costumam
ser mais transparentes e representar menos riscos para bancos e
investidores — portanto, é natural que paguem menos para levantar
dinheiro. Mas, no Brasil, a diferença é gritante: em alguns casos, o
custo chega a ser quase três vezes maior. A conclusão, de um
levantamento feito pelo Centro de Estudos de Mercados de Capitais
(Cemec), coordenado por Carlos Antonio Rocca, leva a outra: para
crescer, essas empresas precisam ter mais acesso a recursos mais
baratos, normalmente encontrados no mercado de capitais.
As
companhias abertas respondem por 41,1% dos ativos totais de crédito
(incluindo renda fixa) do país e possuem um custo médio de seu passivo
(líquido do imposto de renda) de 8,5% ao ano. Já o grupo das 750 maiores
empresas, que ficam com 19% desses ativos, possuem um custo de
financiamento de 12,5%. Nas demais empresas de capital fechado, que
respondem por 38,9% dos ativos de crédito, o custo do passivo chega a
21,2%. A pesquisa inclui apenas empresas não-financeiras, com dados de
2010 — mas só foi divulgada neste ano. Para o ex-ministro da Fazenda,
Antônio Delfim Netto, desenvolvimento da economia brasileira está
atrelado a criação de instrumentos que possibilitem o acesso de pequenas
e médias empresas ao mercado de capitais — e não apenas ao mercado de
ações, mas também às captações em renda fixa. “Esse é o ponto central do
desenvolvimento, que é conseguir incorporar essas empresas de forma
mais eficiente”, avaliou. A abertura é necessária para que essas
empresas fiquem menos dependente das operações de crédito bancário e
tenham alternativas de captação de recursos a um custo menor.
O
economista e sócio da Tendências Consultoria, Mailson da Nóbrega,
também defende que o desenvolvimento do mercado de capitais é essencial
para o Brasil, lembrando que na maior parte dos países não são os bancos
comerciais a grande fonte de financiamento para o setor produtivo. “O
básico para fazer isso nós já temos, que é o dinheiro dos investidores
institucionais, que já supera em volume todo crédito concedido pelo
sistema bancário, que em julho era de R$ 2,183 trilhões. O problema é
que esses investidores ainda preferem títulos públicos”, diz. Além de
juros menores, Nóbrega afirma que a maior participação do mercado de
capitais no financiamento depende também de um ambiente de negócios mais
previsível, com menos intervenção do governo, e o desenvolvimento do
mercado secundário de títulos.
Crédito no Brasil cresce mais de 500% em 10 anos
Estoque das operações de empréstimos chegou a R$ 2,17 trilhões em junho de 2012
Estoque das operações de empréstimos chegou a R$ 2,17 trilhões em junho de 2012
Apesar
das queixas de juros e spreads elevados no país, as operações de
crédito cresceram mais de seis vezes nos últimos dez anos. Em junho de
2002, os empréstimos do sistema financeiro totalizavam R$ 351,65
bilhões. Já em igual mês desse ano, chegaram a R$ 2,167 trilhões, uma
avanço de 516,4% no período. Esse não foi o único avanço no mercado de
crédito em dez anos. A participação do crédito em relação ao PIB
(Produto Interno Bruto) passou de 27,2% para 50,6%, os spreads tiveram
recuo em torno de dez ponto percentuais e o prazo médio de financiamento
subiu de 232 para 503 dias entre junho de 2002 e junho de 2012. Esse
aumento no prazo do financiamento foi mais efetivo entre as pessoas
físicas, que tem até 610 dias para quitar suas dívidas. No caso das
empresas, passou para 406 dias. Apesar dos avanços, compilados em um
estudo da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e
Contabilidade (Anefac), o Brasil segue com uma relação entre crédito e
PIB abaixo do registrado por outras economias. O vice-presidente da
associação, Miguel de Olivera, avalia que ainda há espaço para novas
melhorias, até porque os juros ainda estão em patamares elevados. “Seja
por meio da redução da Selic, por maior competição no sistema financeiro
ou por outras eventuais medidas que poderão ser tomadas pelo governo
como a redução de impostos ou do compulsórios.” Entre os indicadores que
apresentaram piora nos últimos dez anos está o de inadimplência, cuja
taxa média passou de 4,7% para 5,8%. Apesar da elevação, Oliveira
considera que a elevação foi pequena frente à forte expansão do crédito
no país. “Vale destacar que a inadimplência está com tendência de queda e
que devemos ter nos próximos meses redução nesse indicador, trazendo a
inadimplência a patamares inferiores aos praticados em 2002”, considera.
¦ A.P.R.
Fonte: Brasil Econômico via Fenacon
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