Entre
as 27 empresas brasileiras com ações negociadas em bolsas de Nova York,
a mineradora Vale é a única que segue usando o padrão contábil
americano, conhecido como US Gaap, no documento anual de informações
(20-F) entregue para a Securities and Exchange Commission (SEC), a
comissão de valores mobiliários americana.
Todas
as outras passaram a usar o modelo internacional IFRS, conforme
permitido pelo regulador americano desde o fim de 2007 para empresas
estrangeiras.
Ao
apresentarem o balanço de 2011 no 20-F entregue este ano, foi a vez de
Petrobras, Itaú e Bradesco se juntarem às demais empresas brasileiras,
que já tinham decidido abandonar o US Gaap.
A
maioria das empresas nacionais passou a usar apenas o IFRS já para o
balanço de 2010, entregue no ano passado. Aquele também foi o primeiro
exercício em que todas as companhias do Brasil adotaram obrigatoriamente
o conjunto integral de normas contábeis internacionais.
Procurada
pelo Valor, a SEC informou que mais de 300 empresas, de um total de 965
emissores estrangeiros registrados, já estão usando o padrão
internacional.
A
Vale foi questionada sobre a decisão de manter a divulgação em US Gaap e
se isso teria relação com o fato de a norma contábil do IFRS sobre
indústria extrativa ainda estar em discussão. Por meio de nota, a
mineradora negou que a decisão tenha relação com isso e ressaltou que
também traduz o balanço em IFRS envia para a SEC, ou seja, divulga nos
dois padrões também nos Estados Unidos. "A nossa avaliação foi que os
nossos investidores estavam mais acostumados com o modelo US Gaap e
precisavam de tempo para se familiarizar com o novo modelo", afirmou a
companhia.
Sem marcar data, a Vale diz, no entanto, que a tendência é que no futuro fique só com o IFRS.
Renê
Coppe Pimentel, coordenador acadêmico do MBA Relações com Investidores
da Fipecafi e do Ibri, diz que grandes empresas e bancos chegam a ter
equipes com 15 a 20 pessoas só para atender regras ligadas à
contabilidade internacional e formulários da SEC. "É bastante clara a
economia de custo para a empresa", afirma, sobre as companhias que
ficaram com um único balanço.
As
empresas, por sua vez, até admitem que existe redução de gastos, mas
garantem que esse não foi o principal fator que determinou a decisão de
ficar apenas com o IFRS.
"Se
tem um processo a menos, tem uma redução de custo. Mas é a
homogeneidade da informação que faz uma diferença enorme. Se tiver um
conjunto de princípios que levam a números diferentes, isso gera
desinformação", afirma Rogério Calderon, diretor de controladoria do
Itaú.
Alexsandro
Broedel, diretor de controle financeiro do banco, acrescenta que a
busca pela convergência também pode ser vista no balanço brasileiro, que
segue as regras do Banco Central. "No que as que as normas locais
permitem que se siga o IFRS, como em instrumentos financeiros, a gente
aproxima", afirma.
Em
nota, a Petrobras disse que a decisão não se deveu apenas a custos, mas
para evitar o uso de dois padrões e para a seguir a tendência mundial
de uso do IFRS. A companhia destacou, entretanto, que apesar de não ser
obrigatório, divulgou o balanço em dólares. (FT)
Iasb critica nova regra para banco
Por Adam Jones | Financial Times, de Londres
Os
bancos poderão reduzir a concessão de empréstimos sob uma nova
abordagem para provisões de créditos de difícil recuperação que está
sendo preparada nos Estados Unidos, de acordo com Hans Hoogervorst,
presidente do Conselho de Normas Internacionais de Contabilidade (Iasb).
A crítica é mais um sinal de que as iniciativas para criar regras contábeis globais perdem força.
O
método, que prevê admitir antecipadamente todas as perdas previstas com
a concessão de empréstimos poderia ter "sérias consequências
inesperadas", disse.
O
registro de perdas a partir do "primeiro dia" com o novo método poderia
encorajar as instituições financeiras, em tempos difíceis, a tentar
ampliar os lucros cortando novos créditos, afirmou.
"Os créditos bancários poderiam se tornar ainda mais pró-cíclicos do que já são", argumentou em discurso em Bruxelas.
O
Iasb, responsável pelas Normas Internacionais de Resultados Financeiros
(IFRS) usadas na União Europeia, Canadá, Brasil e outros países,
defende que os bancos reservem provisões para as perdas previstas com
seus empréstimos no ano e que promovam baixas contábeis mais
contundentes quando surgirem evidências específicas de inadimplência.
O
Fasb, orgão que dita as normas americanas (US Gaap), questiona a
complexidade e dificuldade de adaptação dessa abordagem e desenvolve
atualmente um modelo alternativo que prevê a reserva, pelos bancos, de
provisões com base nos prejuízos esperados até o vencimento do
empréstimo, em vez de apenas um ano.
Os
dez anos de tentativas para harmonizar os IFRS e os Gaap dos EUA
estancaram em meio ao entusiasmo cada vez menor pelo projeto nos EUA.
Fonte: Valor Econômico via Fenacon
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