Pesquisar este blog

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

IFRS: Vale é a única que ainda usa padrão dos EUA

Entre as 27 empresas brasileiras com ações negociadas em bolsas de Nova York, a mineradora Vale é a única que segue usando o padrão contábil americano, conhecido como US Gaap, no documento anual de informações (20-F) entregue para a Securities and Exchange Commission (SEC), a comissão de valores mobiliários americana.
 
Todas as outras passaram a usar o modelo internacional IFRS, conforme permitido pelo regulador americano desde o fim de 2007 para empresas estrangeiras.
 
Ao apresentarem o balanço de 2011 no 20-F entregue este ano, foi a vez de Petrobras, Itaú e Bradesco se juntarem às demais empresas brasileiras, que já tinham decidido abandonar o US Gaap.
 
A maioria das empresas nacionais passou a usar apenas o IFRS já para o balanço de 2010, entregue no ano passado. Aquele também foi o primeiro exercício em que todas as companhias do Brasil adotaram obrigatoriamente o conjunto integral de normas contábeis internacionais.
 
Procurada pelo Valor, a SEC informou que mais de 300 empresas, de um total de 965 emissores estrangeiros registrados, já estão usando o padrão internacional.
 
A Vale foi questionada sobre a decisão de manter a divulgação em US Gaap e se isso teria relação com o fato de a norma contábil do IFRS sobre indústria extrativa ainda estar em discussão. Por meio de nota, a mineradora negou que a decisão tenha relação com isso e ressaltou que também traduz o balanço em IFRS envia para a SEC, ou seja, divulga nos dois padrões também nos Estados Unidos. "A nossa avaliação foi que os nossos investidores estavam mais acostumados com o modelo US Gaap e precisavam de tempo para se familiarizar com o novo modelo", afirmou a companhia.
 
Sem marcar data, a Vale diz, no entanto, que a tendência é que no futuro fique só com o IFRS.
Renê Coppe Pimentel, coordenador acadêmico do MBA Relações com Investidores da Fipecafi e do Ibri, diz que grandes empresas e bancos chegam a ter equipes com 15 a 20 pessoas só para atender regras ligadas à contabilidade internacional e formulários da SEC. "É bastante clara a economia de custo para a empresa", afirma, sobre as companhias que ficaram com um único balanço.
 
As empresas, por sua vez, até admitem que existe redução de gastos, mas garantem que esse não foi o principal fator que determinou a decisão de ficar apenas com o IFRS.
 
"Se tem um processo a menos, tem uma redução de custo. Mas é a homogeneidade da informação que faz uma diferença enorme. Se tiver um conjunto de princípios que levam a números diferentes, isso gera desinformação", afirma Rogério Calderon, diretor de controladoria do Itaú.
 
Alexsandro Broedel, diretor de controle financeiro do banco, acrescenta que a busca pela convergência também pode ser vista no balanço brasileiro, que segue as regras do Banco Central. "No que as que as normas locais permitem que se siga o IFRS, como em instrumentos financeiros, a gente aproxima", afirma.
 
Em nota, a Petrobras disse que a decisão não se deveu apenas a custos, mas para evitar o uso de dois padrões e para a seguir a tendência mundial de uso do IFRS. A companhia destacou, entretanto, que apesar de não ser obrigatório, divulgou o balanço em dólares. (FT)
 
Iasb critica nova regra para banco
Por Adam Jones | Financial Times, de Londres
Os bancos poderão reduzir a concessão de empréstimos sob uma nova abordagem para provisões de créditos de difícil recuperação que está sendo preparada nos Estados Unidos, de acordo com Hans Hoogervorst, presidente do Conselho de Normas Internacionais de Contabilidade (Iasb).
 
A crítica é mais um sinal de que as iniciativas para criar regras contábeis globais perdem força.
O método, que prevê admitir antecipadamente todas as perdas previstas com a concessão de empréstimos poderia ter "sérias consequências inesperadas", disse.
 
O registro de perdas a partir do "primeiro dia" com o novo método poderia encorajar as instituições financeiras, em tempos difíceis, a tentar ampliar os lucros cortando novos créditos, afirmou.
 
"Os créditos bancários poderiam se tornar ainda mais pró-cíclicos do que já são", argumentou em discurso em Bruxelas.
 
O Iasb, responsável pelas Normas Internacionais de Resultados Financeiros (IFRS) usadas na União Europeia, Canadá, Brasil e outros países, defende que os bancos reservem provisões para as perdas previstas com seus empréstimos no ano e que promovam baixas contábeis mais contundentes quando surgirem evidências específicas de inadimplência.
 
O Fasb, orgão que dita as normas americanas (US Gaap), questiona a complexidade e dificuldade de adaptação dessa abordagem e desenvolve atualmente um modelo alternativo que prevê a reserva, pelos bancos, de provisões com base nos prejuízos esperados até o vencimento do empréstimo, em vez de apenas um ano.
 
Os dez anos de tentativas para harmonizar os IFRS e os Gaap dos EUA estancaram em meio ao entusiasmo cada vez menor pelo projeto nos EUA.

Fonte: Valor Econômico via Fenacon

Nenhum comentário:

Postar um comentário