* Anderson Hernandes
Com o mercado contábil aquecido, a valorização do profissional de
contabilidade está em alta. Baseado nesse cenário, quais os cuidados ao
abrir um escritório de contabilidade? Nesse artigo vou explanar alguns
deles.
A profissão contábil sofreu mudanças que a tornaram hoje muito
diferente do que dez anos atrás. Mesmo para profissionais que pretendem
abrir um escritório de contabilidade para atender micro ou pequenas
empresas, o perfil do contabilista adequado também mudou
significativamente.
Falando especificamente de novos escritórios posicionados no mercado
de micros e pequenas empresas, destaco o atual cenário desses
empresários: aumento da responsabilidade técnica face às novas
obrigações acessórias, nível de qualificação profissional exigido mais
elevado, dificuldades de adotar a escrita contábil regular nos termos da
legislação aplicável e problemas em adequar os clientes para atenderem
critérios de controles financeiros necessários para suporte aos serviços
contábeis. Tudo isso confronta diretamente com outra realidade:
honorários relativamente baixos.
Como um novo escritório vai concorrer diretamente com um mercado já
atendido por profissionais e empresas de contabilidade já atuantes há
anos, existe o pressuposto que para formar uma carteira de clientes seja
necessário adotarem uma estratégia de preço mais baixo do que o
praticado pelo mercado. Além das questões éticas envolvidas, essa
estratégia é arriscada, pois formar uma carteira de clientes que buscam
preço e não diferenciais não é duradoura. No momento que a empresa
contábil decidir readequar os honorários a realidade de mercado a maior
parte desses clientes vão migrar para novos entrantes com estratégia
semelhante.
Se todas as empresas contábeis exigissem de seus clientes o cumprimento da obrigatoriedade
legal de adoção da escrituração contábil, com plena certeza haveria uma
valorização profissional acentuada para todos e seriam necessários
muitos mais profissionais para atender essa demanda. No entanto, isso
não é o que pensam alguns profissionais e isso tem impactado num número
elevado de empresas que encaram o contabilista como agente do fisco,
cuidando apenas de aspectos tributários e fiscais e não como um
profissional atuante na contabilidade. Aliás, se perguntarmos a essas
empresas que não escrituram os livros contábeis obrigatórios, a maior
parte dirá que tem serviços de contabilidade, quando na verdade
desconhecem o que é na verdade a contabilidade.
Os profissionais entrantes nesse mercado tem que ter plena
consciência de um fator importante: quer o cliente pague pouco ou muito
pelos serviços ele vai cobrar por qualquer erro cometido pelo
profissional ou por seus prepostos. Por isso, leve em conta o risco
envolvido na hora de determinar o preço dos serviços. Nesse respeito o
profissional poderia perguntar-se: Os honorários são compatíveis com os
valores das multas por erros ou atrasos nas obrigações acessórias? Estou
prevendo a necessidade de investir em melhorias contínuas em minha
estrutura, consultoria de apoio técnico e qualificação permanente minha e
da equipe?
Outro erro comum é o de atender todo o tipo de serviço ou cliente.
Com isso forma-se uma carteira de clientes desalinhados ou pouco
rentáveis para a empresa contábil. O profissional contábil precisa saber
dizer não para serviços dessa natureza. Buscar uma especialização dos
serviços aumenta o foco, o que diminui o mercado-comprador, mas também
diminui a concorrência, podendo ser uma alternativa atraente para novas
empresas contábeis.
Diante de tantos desafios para os novos profissionais da
contabilidade, deixo um último conselho: cuidado em atuar sozinho no
mercado. Ninguém é bom em tudo, o máximo que alguém sem foco de
especialização consegue é tornar-se mediano, o que é um perigo
profissional. Compor uma sociedade com alguns profissionais poderá
permitir ter uma estrutura mínima necessária, troca de experiências,
divisão de responsabilidades e foco na qualificação dos sócios,
permitindo maior segurança na prestação de serviços.
Diante da importância desse assunto não posso dar por esgotado os
conselhos pertinentes a ele, sendo que em breve publicarei novos artigos
complementares.
* Anderson Hernandes é empresário contábil, palestrante e escritor
especializado em mercado contábil. www.andersonhernandes.com.br
Fonte: http://www.administradores.com.br/informe-se/artigos/cuidados-ao-abrir-um-escritorio-de-contabilidade/58251/
Excelente artigo, com certeza todos deveriam se preparar para uma boa atuação no mercado.
ResponderExcluirPatrícia Braga
Muito bom o seu artigo, eu estou sofrendo bastante, abri um escritório a 1 ano e o meu maior problema é conseguir uma carteira de clientes.
ResponderExcluirParabéns,
Eduardo Cavalcante Assessoria Contábil
Parabéns.. Artigo válido... correto...
ResponderExcluirObrigado a todos, mas temos que dar o crédito ao autor do artigo, o meu ilustre amigo Andreson Hernandes.
ResponderExcluirSensacional, artigo bastante pertinente, estou no mercado de escritórios de contabilidade a anos e o que percebo é que infelizmente o mercado está baseado no preço dos honorários, e não no valor agregado que as ciências contábeis possibilitam ao cliente, há uma tendêndia praticada pelos novos escritórios em reduzir ao máximo o preço dos serviços prestados porque entendem que o serviço é apenas fazer guias de impostos, sem no entanto perceberem que somos humanos e sujeitos a erros, erros que na maioria das vezes vem junto de intimações fiscais e pesadas multas que não foram sequer avaliadas no momento de formar os preços dos honorários contábeis.
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