BERNARDO CARAM - Especial para o Estado
A
carreira de contador vive um bom momento. Segundo entidades do setor, a
maioria dos graduados é absorvida pelo mercado de trabalho
imediatamente após a formatura. Aumento de investimentos estrangeiros e a
adoção de regras internacionais de contabilidade estão provocando
aumento na demanda por profissionais. Como consequência, os salários
também estão ficando mais altos.
Divulgada
na última semana, a 5ª Edição do Guia salarial da Robert Half, empresa
de recrutamento especializado, mostra que os salários de profissionais
com cargos de gerência na área de contabilidade e finanças tiveram
valorização de 15% a 20% no último ano. O piso salarial de um
coordenador contábil, por exemplo, pode chegar a R$ 13 mil.
Os
setores mais aquecidos com relação à demanda desses profissionais são
os de bens de capital, construção civil, petróleo e gás. "O atual
momento do Brasil e investimentos para Olimpíadas e Copa do Mundo fazem
com que esses segmentos demandem mais profissionais", diz a gerente de
recrutamento da Robert Half, Marcela Esteves.
Segundo
o presidente do Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São
Paulo (CRC-SP), Luiz Fernando Nóbrega, um recém-graduado com boa
formação entra no mercado com remuneração de ao menos R$ 2 mil. "Vivemos
um excelente momento. Surgem muitas vagas e se formam poucos
profissionais.
Falta mão de obra", afirma ele. O CRC estima em 15 mil o
número de contadores que se formam anualmente, mas não possui dados
sobre a falta de profissionais. Oficialmente, são 500 mil registrados no
Brasil, sendo 140 mil no Estado de São Paulo.
Para
o coordenador do curso de graduação em ciências contábeis da Faculdade
de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo
(FEA-USP), Márcio Luiz Borinelli, a boa fase pode ser explicada por um
conjunto de fatores.
"Cada
vez mais há investidores estrangeiros chegando ao Brasil. Nesse
sentido, as empresas crescem ou mudam de configuração, sendo então
obrigadas a cumprir exigências contábeis. Para isso, precisam de
contadores", diz o professor.
A
estudante Viviane Rinaldi vai se formar no fim do ano, mas já foi
efetivada. "O mercado está aquecido", observa. Ela, porém, diz que esse
quadro não é garantia de sucesso. "É fácil encontrar trabalho. Mas para
ficar e crescer, tem de trabalhar muito. É preciso ter dedicação total,
porque as leis mudam muito."
Viviane
conta que chegou a receber uma proposta por semana. Recebia convites de
conhecidos, ligações de empresas, e-mails para entrevistas, além de
informações de processos seletivos de grandes companhias.
Para
ela, isso pode ser um canal de negociação para melhorias de salário. Na
empresa onde trabalha (Viviane pediu para não identificar), se um
profissional de qualidade recebe uma oferta de emprego, é muito provável
que haja uma contraproposta de promoção ou aumento salarial.
Reguenild
Kartnaller da Costa acaba de se formar e vivencia um cenário parecido.
Mesmo enquanto era estudante, recebia diversas propostas. "Eu estava em
uma empresa da indústria moveleira. Ligaram para mim de outra companhia
com uma proposta e acabaram me levando. Não tive nem tempo de respirar",
afirma. Hoje, ela trabalha em uma grande companhia de aviação.
Reguenild
acredita que o segredo está na dedicação. "Não é porque sai de uma
faculdade, que está totalmente preparada. Tem de estudar muito", diz.
Para ela, um profissional desatualizado vai encontrar dificuldades para
conseguir um emprego.
Foi
buscando essa atualização que Geoge Sussumu Chinen resolveu cursar
ciências contábeis. Formado em administração, ele era gerente financeiro
da organização onde trabalha, mas viu a necessidade de iniciar o
segundo curso ao precisar fazer diversas atividades de contador. Para
ele, é importante ter contato com as áreas de atuação para depois
decidir qual rumo seguir.
De
acordo com Nóbrega, são várias as opções de áreas com grande
crescimento. O campo de auditoria é crescente e o de perícia contábil
oferece bons salários. "No terceiro setor também há oportunidades
promissoras. Elas têm contabilidade bastante específica e rígida por
precisarem fazer prestação de contas", conta. Apesar disso, cerca de 30%
das contratações estão nos tradicionais escritórios de contabilidade.
Desafios.
O mercado brasileiro de ciências contábeis passa por grandes mudanças.
Em 2005, o País aderiu às normas internacionais de contabilidade. Houve
prazo de adaptação até que em 2010 as empresas tiveram de fechar suas
planilhas de contabilidade dentro das novas regras.
De
acordo com Borinelli, o profissional formado no Brasil ganhou mais
visibilidade e pode até atuar fora do País. Apesar disso, ainda falta
profissional com conhecimento das normas internacionais. "Conheço
coordenadores de RH de grandes empresas que demoraram até um ano para
encontrar esse tipo de profissional."
Fonte: http://www.fenacon.org.br/noticias-completas/407
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