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segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Sobram cada vez mais vagas nas empresas

Márcia de Chiara, de O Estado de S.Paulo
Aumentou em cerca de um terço neste ano o número mensal de vagas de emprego no País que não foram preenchidas por falta de candidato. Entre janeiro e agosto de 2012, a média mensal de postos em aberto no Sistema Nacional do Emprego (Sine) atingiu 169,7 mil. Em 2011 inteiro, a média mensal havia sido de 127,2 mil. 
 
Os cálculos foram feitos pelo Estado com base em dados levantados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) de vagas apuradas em cinco setores: agropecuária, indústria, comércio, serviços e setor financeiro.

Como o Sine é agência pública de emprego, que promove o encontro entre empregadores, ofertando vagas, e empregados, em busca de trabalho, sem custos para as partes, esse acaba sendo um dos poucos indicadores que mostram o aperto no mercado de trabalho, além, evidentemente, da taxa de desemprego nas regiões metropolitanas, que vem batendo sucessivos recordes de baixa. "Hoje há um grande descasamento entre a oferta e a procura por vagas", afirma o secretário de Políticas Públicas de Emprego em exercício do MTE, Rodolfo Torelly.

Ele pondera, no entanto, que as vagas captadas pela agência pública de emprego representam uma parcela do mercado de trabalho porque muitas empresas recrutam trabalhadores por outras vias. A representatividade do Sine, no entanto, não é pequena. Cerca de 1 milhão de companhias usam ou já usaram o sistema, que tem 1,5 mil agências recrutadoras espalhadas pelo País.

O secretário explica que parte desse crescimento de 33% da média mensal de vagas não preenchidas de 2011 para 2012 pode ter sido influenciado pela maior captura de oferta e de demanda de vagas propiciada pelo uso da internet. É que o portal do sistema começou a funcionar neste ano.

De toda forma, as avaliações de executivos de empresas e de sindicatos de trabalhadores confirmam que a maior fatia dessa taxa de crescimento das vagas não preenchidas no último ano vem da dificuldade de recrutar mão de obra. Esse é apontado pelos empresários hoje como um problema crucial.

"Atualmente temos 300 vagas de montadores de móveis que não foram preenchidas por falta de candidatos adequados", conta o supervisor geral da Lojas Cem, José Domingos Alves. A rede de móveis e eletrodomésticos tem 202 lojas e 9.890 empregados, dos quais 1.280 montadores de móveis. O executivo diz que o salário de um montador de móveis pode chegar a R$ 1,5 mil, incluindo comissões.

Também sobram vagas na construção civil. Nas contas de Antônio de Souza Ramalho, presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Construção Civil no Estado de São Paulo, faz três meses que há 3 mil vagas em aberto no setor na cidade de São Paulo.

"Aumentaram as exigências na hora de contratar porque as construtoras tiveram problemas com apartamentos mal acabados", conta ele. As construtoras estão exigindo três anos de experiência para eletricistas e armadores, por exemplo. No caso de mestre de obras, a procura, sem sucesso, é por trabalhadores com mais de dez anos de registro em carteira. "Profissional com experiência não se encontra."
Ramalho observa que existem outros fatores que contribuem para haver um descasamento entre a oferta e a demanda de mão de obra. "Ninguém quer trabalhar em lugar sujo e perigoso", destaca. Quanto aos salários, eles não são tão baixos assim. Faz dez anos, segundo ele, que os trabalhadores na construção têm obtido ganhos reais de salário. Em maio deste ano, por exemplo, o dissídio da categoria foi de 7,76%, com 2,3% de aumento real.

Doméstica   Salário alto não é a única condição considerada para se candidatar a uma vaga de empregada doméstica. "Estou cancelando vaga todos os dias. Não tem candidata", diz Juliana Chaves, sócia da agência de emprego doméstico Veritas.

Nos últimos meses, a agência tem acumulado uma média de 200 vagas não preenchidas para babás, cozinheira e empregadas domésticas. O salário oferecido é a partir de R$ 1 mil. "Isso para não cozinhar, não dormir no emprego e não trabalhar aos sábados."

Juliana acredita que a sua agência de emprego doméstico é um negócio "condenado". Segundo ela, uma das saídas para continuar a empresa é a área de cursos de qualificação para esses profissionais.

Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,sobram-cada-vez-mais-vagas-nas-empresas-,958704,0.htm via Fenacon

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